quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PRÓ FÁRMACOS RECÍPROCOS COMO FORMA DE TRANSPORTE ATIVOS

             INTRODUÇÃO
           A latenciação de fármacos foi proposta, em 1959, por Harper, e consiste, basicamente, na transformação do fármaco em forma de transporte inativo, que, in vivo, mediante reação química ou enzimática, libera a porção ativa no local de ação ou próximo dele. Entretanto, somente em meados da década de 1970, quando pesquisadores começaram a localizar os alvos dos fármacos no organismo e compreender a farmacocinética dos mesmos, é que o processo de latenciação tomou direção mais definida (Chung, et al., 2005, apud, Chung, Ferreira, 1999; Han, Amidon, 2000).
Geralmente, os transportadores são desprovidos de atividade terapêutica. Entretanto, quando o transportador também apresenta atividade, a forma latente resultante é denominada PRÓ-FÁRMACO RECÍPROCO. A par de promover melhoria das propriedades farmacológicas, essa forma de transporte permite obter derivados de atividade mista ou de atividade única por mecanismos diferentes (Chung et al., 2005).
Dentro desse contexto, o objetivo deste estudo é abordar as características dois pró-fármacos recíprocos, olsalazina e sulfassalazina, e suas aplicações na terapêutica.

MATERIAL E MÉTODO
Este estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica. Foram pesquisados artigos na Scielo e em sites de estudos relacionados à área da saúde. As palavras utilizadas nas buscas foram: latenciação, pró fármacos recíprocos, olsalazina e sulfassalazina.


RESULTADOS
Os Pró-Fármacos Recíprocos caracterizam-se por seu transportador, diferentemente dos pró-fármacos clássicos, também possuir atividade terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-fármaco com atividades terapêuticas diferentes ou semelhantes, atuando por mecanismos da ação diferentes ou iguais (Singh, Sharma, 1994). Tal processo é especialmente racional nos casos em que há sinergismo de ação.
Os pró-fármacos recíprocos não são tão recentes, já que vários compostos foram introduzidos na terapêutica antes do reconhecimento do conceito de pró-fármaco. A sulfassalazina é um bom exemplo, pois foi utilizada, em 1942, para o tratamento de artrite reumatóide e, atualmente, é utilizada no tratamento de colite ulcerativa. Este pró-fármaco, após sofrer ação das azo-redutases, libera sulfapiridina e ácido aminossalicílico (5-ASA), ambos farmacologicamente ativos (Chung, et al., 2005). Existem evidências clínicas que o 5-aminossalicílico (5-ASA) representa a fracção terapêutica da sulfassalazina no tratamento da doença inflamatória intestinal. Por mais de quatro décadas, o metabólito ativo, 5-ASA, foi administrado na forma de "pró-fármaco" sulfasalazina, no entanto, em contraste com a sulfasalazina, a farmacocinética do 5-ASA eram desconhecidas até recentemente.Sulfassalazina em si é pouco absorvida (3-12%) e sua meia-vida de cerca de 5 a 10 horas é provavelmente afetado pelo processo de absorção. 
 A olsalazina é constituída por 2 moléculas de 5-ASA unidas por um elo azo que utiliza o princípio da redutase bacteriana azo para fracionar a molécula em dois componentes idênticos (Simões, et al. 2003). De acordo com o dicionário de termos médicos da PDAMED, a olsalazina é definida como: Pró-droga com ação antiinflamatória que libera no cólon sua forma ativa, mesalazina ou ácido 5-aminosalicílico (5-ASA).  Indicado para colite ulcerosa ativa (leve a grave), colite ulcerosa crônica, colite ulcerosa refratária à sulfasalazina, manutenção da remissão da colite ulcerosa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho nos permitiu perceber que as técnicas de desenvolvimento de pró-fármacos recíprocos já eram utilizadas antes mesmo de existir o conceito de pró-fármacos, e também que sua potencia farmacológica é maior devido estarem duas moléculas ativas acopladas uma a outra. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHUNG, Man-Chin et al. Latenciação e formas avançadas de transporte de fármacos.Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v. 41, n. 2, June 2005.


CHUNG, Man Chin; FERREIRA, Elizabeth Igne. O processo de latenciação no planejamento de fármacos. Quím. Nova, São Paulo, v. 22, n. 1, Feb. 1999 .


PDAMED. Dicionário de Termos Médicos. Disponível em: http://www.pdamed.com.br/diciomed/pdamed_0001_12198.php. Acessado em: 12/09/2010 às 14h34min.


SBCP. Opções Terapêuticas para as Doenças Inflamatórias Intestinais: Revisão. Disponível em: http://www.sbcp.org.br/revista/nbr233/P172_182.htm. Acessado em: 14/09/2011 às 21h34min.


PUB MED. Farmacocinética clínica de sulfasalazina, seus metabólitos e pró-fármacos de outros 5-aminossalicílico. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2864155/. Acessado em: 14/09/2011 às 16h47min.